História do Amendoim
Alguns especialistas acreditam que a leguminosa foi descoberta no Brasil ou tenha surgido na região do Gran Chaco, localizada entre o Paraguai, norte da Argentina e Peru. Porém, há documentos de 3.800 a.C. a 2.900 a.C., que afirmam que a semente surgiu ao leste dos Andes, onde era muito utilizada pelos indígenas.
Pesquisas dão conta de que, num passado remoto, os chineses já eram grandes cultivadores da planta. Nessa linha, trabalhos artesanais muito antigos, como potes e vasos de barro no formato do amendoim, demonstram que os povos sul-americanos também conhecem a leguminosa há tempos.
Mais um fato interessante é que amendoins foram encontrados nos túmulos dos incas, para que, seguindo a crença, os mortos pudessem se alimentar durante a passagem para “o outro lado”.
Para o mundo
Sua difusão para o mundo se deu no século 16, quando os espanhóis chegaram à América. Liderados por Cristovão Colombo, os colonizadores se encarregaram de levar a novidade para Europa, Ásia e África.
Por volta de 1560, a semente foi introduzida na África Ocidental, e no início do século 17, a planta do amendoim já era comum em toda região tropical oeste do continente africano.
A expansão aconteceu também com a ajuda dos escravos, que, quando conduzidos à América do Norte, levaram com eles o amendoim. A leguminosa foi até emblema da Geórgia, nos Estados Unidos.
No século 18, o amendoim, chamado na época pelos norte-americanos de “nozes da terra” ou “ervilhas da terra”, foi matéria de muitos estudos botânicos, sendo considerado excelente alimento para porcos.
No fim da primeira década do século 19, ele já era plantado na Carolina do Sul e usado como alimento e substituto do cacau, devido a seu óleo. As primeiras colheitas comerciais apareceram em 1818, na cidade de Wilmington, na Carolina do Norte.
A cultura do amendoim já estava presente em todos os estados sulistas e, em 1860, com a Guerra de Secessão, foi dado o primeiro aumento notável do consumo norte-americano.
Na metade do século 19, os amendoins torrados e grelhados passaram a ser vendidos na rua, em jogos de beisebol e circos. Os vendedores ambulantes que gritavam “hot roasted peanuts” foram ouvidos pela primeira vez nas apresentações do Circo Barnum e, assim, o desejo pelo produto se propagou por todos os Estados Unidos junto às viagens da caravana.
A produção cresceu e os amendoins continuavam a ser colhidos e processados manualmente; porém, a falta de qualidade, uniformidade e os custos elevados mantinham a demanda em níveis baixos.
George Washington Carver (1860-1943), botânico, cientista e agrônomo norte-americano, implementou o sistema de rotação de culturas entre as plantações de algodão e amendoim, no sul dos Estados Unidos.
Apareceram, então, os primeiros equipamentos que permitiram maior mecanização das colheitas, com a consequente redução de custo. Carver ainda mostrou que mais de 300 alimentos podiam ser derivados do amendoim.
Durante a depressão econômica nos Estados Unidos (1930), as autoridades americanas estimularam o desenvolvimento de produtos que propiciassem suplemento alimentar altamente proteico à população, principalmente às crianças. Um desses produtos foi uma manteiga feita de amendoim (peanut butter).
O sucesso foi tão estrondoso que a manteiga de amendoim acabou se tornando hábito nacional, inclusive em substituição à manteiga tradicional, no café da manhã.
Em 1938, a indústria do amendoim nos Estados Unidos já era um negócio de mais de US$ 200 milhões. Atualmente, o país é o terceiro no ranking de produtores da semente, e em 2009, gerou mais de 2 milhões de toneladas.
Amendoim no Brasil
O Brasil já produziu grandes volumes de amendoim. Na década de 1970, o país atingiu a marca significativa de 1 milhão de toneladas. Desde então, os números caíram, principalmente porque produtores o trocaram pela soja. Seu cultivo, porém, voltou a ser expressivo a partir de 1995.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil produziu, na safra de 2010/2011, 242,3 mil toneladas de amendoim. O cultivo da semente é feito em todo país, mas São Paulo é responsável por 80% da produção nacional.
Em 2010, o Brasil exportou 54 mil toneladas da semente, o equivalente a 22% da produção. O restante é utilizado no mercado interno e sua destinação concentra-se na área de confeitos, salgadinhos e doces. A paçoca e o pé-de-moleque, ambos preparados à base de amendoim, são verdadeiros ícones da cultura popular, com grande aceitação de norte a sul do país.
A paçoca, palavra de origem tupi que significa esmigalhar, surgiu no período colonial do Brasil, mas os povos indígenas já faziam misturas com a farinha de mandioca antes da chegada dos portugueses. Os ingredientes são amendoim, farinha de mandioca, açúcar e sal.
Muito popular no estado de São Paulo, principalmente na região do Vale do Paraíba, a paçoca costuma ser consumida o ano todo, mas a procura é maior durante as festas juninas. Essas celebrações, aliás, fazem parte da cultura brasileira. Além das danças e brincadeiras, são tradicionais pela comida.
O pé-de-moleque também surgiu no século 16, com a chegada da cana-de-açúcar. Muito popular em Minas Gerais, o doce começou a ser produzido artesanalmente em 1930. Os ingredientes são açúcar ou rapadura e fragmentos de amendoim.
Quanto ao nome, existem duas explicações. A primeira é devido à sua aparência, semelhante aos pés dos garotos que andam descalços pelas ruas de terra. A outra é que os meninos eram incentivados a pedir um pouco do doce para as cozinheiras durante a produção: “Pede, moleque”.
Os mais famosos pés-de-moleque são produzidos artesanalmente. A cidade mineira de Piranguinho, que ficou conhecida como a capital do doce, chegou a produzir, em 2007, o maior pé-de-moleque do mundo, com 14 metros de comprimento e 1 de largura. Em 2001, o doce chegou a 16 metros. Mesmo assim, nas grandes cidades, predomina o consumo de paçoca e de pé-de-moleque industriais.
O potencial alimentar do amendoim permite outros empregos na culinária, especialmente devido à sua característica agradável de sabor, sendo utilizado com destaque na cozinha chinesa.
A China, por sinal, é o maior produtor e consumidor da semente do mundo. O país chega a produzir 15 milhões de toneladas e consume 95% da produção. Por isso, o amendoim é usado em receitas de algumas regiões chinesas, como frango xadrez, por exemplo.
Fonte: Abicab
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